28 fevereiro 2010

Xynthia - um temporal de vento


Vale a pena deitar os olhos ao gráfico da estação meteorológica da Vianalocals instalada no farolim do molhe Sul da barra de Viana do Castelo, para observar as condições extremas de tempo que hoje ocorreram.
Extraordinária a descida a pressão atmosférica a acompanhar a subida do vento Sul até quase 140km/hora no pico da rajada.
Curioso é também verificar que, pelas 4 da tarde o vento de Sul caiu completamente, a coincidir com o início da chuva, rodou para Noroeste e voltou a entrar em força desse quadrante na ordem dos 100km/hora, consolidando-se à medida que subia a pressão.
O resultado foram 2.582 quedas de árvores, 95 desabamentos, 141 deslizamentos, 801 inundações, 1.025 quedas de estruturas e uma vida perdida.
Não fosse esta morte e teria sido um dia interessante, para recordar no futuro.
Custa-me a perceber como é que alguém deixa um filho sair de casa no meio deste temporal e custa-me mais a entender como é que os responsáveis pela catequese não cancelaram as actividades do dia, face ao mais que previsto e divulgado quadro de tempo extremo, mas enfim, a imprudência das pessoas não tem limites.
E, como se vê, paga-se com vidas.
Só lamento a pobre da criança que lá ficou.

Actualização: no alto de Õrduna, na Vizcaya, o tarau atingiu 228 Km/hora. Verdadeiramente impressionante.

13 comentários:

Nuno Almeida disse...

Ontem estive a discutir exactamente esse assunto com a Marisa.
Como estive a trabalhar fiquei admirado com a quantidade de gente que saiu de casa como se nada se passasse.
Mas vi uma entrevista a alguém que andava a correr na foz e que resume bem o espirito da grande maioria dos portugueses, que por não estarem habituados a acontecimentos extremos não ligam nenhuma aos avisos.
O cavalheiro dizia:
- Eles avisaram que vinham ventos muito fortes, mas eu não costumo ligar muito aos avisos.

Carlos Romão disse...

Eu gosto de temporais e decidi fotografar o de ontem por minha conta e risco. O tributo foi pequeno: um chapéu que me protegia da chuva, comprado na última-hora numa loja chinesa, foi levado pelo vento juntamente com tampa de uma objectiva fotográfica que deve agora jazer no Douro, junto à Meia Laranja. O gozo que o temporal me deu, por muito que me acusem de blasfémia, está guardado, ficou comigo.

pbl disse...

Claro, Carlos Romão.
Uma coisa é tomar um risco, pelo próprio prazer que esse risco comporta, outra coisa é as pessoas em fazerem a vida normal sem sequer se darem ao trabalho de pensar por dois instantes que podem estar a arriscar o pelo.
A isto chama-se irresponsabilidade, que creio que é o que o Nuno queria sublinhar.
Confesso que só não fui a Viana ver o temporal porque a minha mulher não deixou.
Mas lá que fiquei com pena, isso fiquei...

Nuno Almeida disse...

Nem mais!

privada disse...

Nao percebo como jogam a bola com um vento daqueles.

Campanhã, passou assim do nada, derrubou uma arvore linda , era um vento forte e muito lento, deu tempo para correr ao outro lado da casa e ver, levantar o telhado de um predio, quase em camara lenta. Os vasos caiam tipo dominó, e as telhas rodavam... 3 rapazes seguros num portão, practicamente a voar.

Alferes disse...

Odeio temporais e não percebo muito bem o que é que tem de interessante para ver! Ainda bem que a sua Esposa é sensata pbl!

Alferes disse...

Uma dúvida: porque é que estes fenómenos têm sempre(quase sempre?) nomes femininos? Que coisa...

pbl disse...

Ora essa, Alferes, porque estes desmandos são próprios do temperamento feminino.

mac disse...

Caiu o cedro da minha rua, aquele que me levava a dizer diariamente quando saía de casa: esta rua cheira tão bem!
Agora a minha rua não cheira a nada.

Nuno Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno Almeida disse...

Para a Alferes:
http://www.enchantedlearning.com/sub
jects/weather/hurricane/naming.shtml

Alferes disse...

Obrigada Nuno! A explicação do pbl é a mais usual, mas não me convencia :)

Anónimo disse...

Aprendi muito