09 outubro 2009

Jessica - O verdadeiro amor de Funes - III


Foi carta pra Portugau.
Foi uma, foi outa e mais outa. Foi carta prá xuxu.
O portuga num disse nada, não.
Belo dia, Janu veio com Zé Piqueno, bandido do pior, homê de briga feia, já despachou mais de vinte da militar.
Que tava rico, dizia o negão, porrê de cachaça.
Saíu na cobra, preguntei . Qui não, que tinha saído era xibiu cheinho da branca, que mim ia levá pá Portugau.
Vim com Cardosinho, mais a branca entalada na xoxota. Caso feio, pois não?
Xeguei e não voltei. Piguei a grana do pó, arranjei pensão na Alegria, casa linda, gostosa, gente boa.
Ligue pró estaminé de Cardosão, era pra mi ligalizar mais o minino, disse à moça no orelhão.
Marcou dia, hora, coisa solene.
Meti meu milhô vestido, mulhê boazuda qui sou, bunda rebolona e teta espetada, um pagode de tesão.
Cardosinho guinchava que nem vira-lata, ia conhecê papai.
No dia do ajuste, fui.
Tinha lá uma moça magrela, óculo de garrafa, dente podre, uma tábua de passá.
Cardosão támém lhi comeu o cabaço?
Qui não, doutô não comi cabaço, doutô dimora, muita ocupação, de papê e telefone.
Mi mandou sentá em banco de pau.
Tês hora de remexer revista de foto velha, cu minino dando biqueiro na canela da magrela, disse pá entá.
Tava anafado e gôdoroso, o coisa-ruim, rebentando na calça justa, de terno coçado.
Qui era para dizê o qui quiria.
- Sô Jessica da Anunciação. Este aqui é Cardoso da Anunciação.
Ele levantô o oiho de vaca mansa e ficou mirando, o cara-de-pau.
- Sim?
- Jessica, a cabocla da fazenda de coronê Estácio. Esta belezura aqui é Cardosinho, seu rebento.
Mi deu dois tapa, mi botou mais o moleque pra corrê, sempê xingando, o sem vergonha.
Qando cabou a grana do pó, fui pá rua, puta de vida de quenga, chupâ verga mole, dâ o xibiu, levâ no cu.
Nunca mais lhe voltê a vê.
Qui Egun lhe guie os passo.

Sem comentários: