24 agosto 2009

22.08.2009 - Salvamento

Já a festa ia adiantada quando me lembrei de ligar o aparelhómetro.
Mas foi um dia fantástico, com vento entre os 40 e os 50 Km/hora, mareta cavada, mas comprida, com a Gaastra Manic 5,7 e a JP Freestyle Wave 93l.
São estas as minhas condições favoritas.
Andei bem mais de 2 horas, tenho registados 19,25Km, mas devo ter feito mais de 30 e o registo máximo da velocidade foi de 46,2Km/hora.
O dia foi marcado por uma miúda basca que se passou no meio do canal.
Que "estava probando uma tabla pequena" que "no sacava el uatastá" e "que me voi a morir".
Depois de muitos "tranquila" e uns quantos "no passa nada", que não tivesse medo, que ia sair às pedras, quando já pensava em aplicar a regra nº 3 do salvamento marítimo (ou-atinas-ou-levas-duas-chapadas-nas-ventas-que-é-para-te-passar-o-histerismo), lá chegou às pedras do molhe sul.
Ainda a tentei convencer a fazer um bordo para fora, para conseguir entrar, ou deixar-se arrastar com a corrente para sair na praia, mas a miúda estava cansada, com frio e com medo.
Sem bem o que isso é.
Tirei-lhe o material pelos calhaus, veio outro rapaz que ajudou ao carrego até à autocaravana e, pronto, fico com mais um salvamento no currículo.
O melhor de todos, foi sem dúvida o de um palerma que mal sabia andar e que estava encostado nas pedras na ponta sul do molhe norte.
Eram já umas 19.00 de um belo dia de Verão, com vento forte, meio de nordeste, e mar crescido, quando topei com o gajo e fui ter com ele a perguntar se precisava de ajuda.
Que não, dizia o gajo.
Fiquei de olho no tipo e, passados uns 15 minutos, voltei e perguntei-lhe se ía passar ali a noite.
Não, estava só a descansar.
Vais-te quilhar, pensei.
Voltei a sair a barra e, ao entrar, lá estava o tipo a flutuar já a uns bons 300m metros para lá da linha do molhe norte.
Fui ter com ele, tentei acalmá-lo (agora já chorava) e tratei de buscar um barco.
E onde?
Nem uma embarcação na linha do horizonte.
Ao fim da tarde entram sempre tantos barcos e, logo quando era preciso, é que nada.
Decido entrar a barra para ir telefonar para o ISN e que vejo junto à bóia 3: a lancha da Brigada Fiscal da GNR, a abrir pelo canal fora.
Bolina cerrada para a trajectória da lancha, atiro-me à água, saco do apito do meu colete e faço alto aos gajos.
Foi absolutamente surreal.
Abrandam, perguntam o que se passa, informo que está um homem no mar.
Saíram, partiram de um ponto e desenharam uma trajectória em espiral até o pescar.
Quando o largaram na linha de costa já era escuro e o animal estava branco como a cal.
Não o voltei a ver em Viana

1 comentário:

António Conceição disse...

Aposto que não era palerma nenhum. Devia ser apenas um amador que, evidentemente, vendo-se num aperto, preferiu optar por morrer afogado a ser salvo por si. Ninguém de bom senso faria outra opção.